terça-feira, 11 de novembro de 2008

where is my mind?


Quando a mente emperra, não há lubrificante, natural ou industrial, que nos valha. Sentir uma ideia presa entre a porta e a ombreira, nem para lá nem para cá, por mais empenho que ponhamos em transpô-la, deixa-nos com um sentido de frustração pueril. Como se do outro lado de uma ideia que consegue tomar forma, após aturado e conseguido raciocínio, estivesse uma revelação, um dado novo, que nos transforma e transforma as coisas à nossa volta. Se, pelo contrário, o que acontece é ficarmos irremediavelmente do lado de fora, passamos a ser um saco vazio, um recipiente sem utilidade, um continente sem conteúdo. Como a criança que somos, escorregamos pela parede abaixo até ao chão que nos acolhe. Abraçamos as pernas e aguardamos, com toda a esperança que a vida ainda não nos tirou, que a porta acabe, generosamente, por abrir-se. Recusamos, claro, com veemência, espreitar pelo buraco da fechadura. Não somos dados a visões parciais e não nos agrada vislumbrar apenas uma porção do caminho. Gostamos de paisagens imensas, ecrãs gigantes e telas despudoradamente grandes. Esperamos. A mente é um enorme balão vazio, daqueles que têm rostos patéticos pintados, e não pertence ao corpo ali largado. Só queremos uma chama, uma pequena luz que seguiremos até conseguir fazer de tudo o que se encontra aninhado nas fendas, reentrâncias e dobras das nossas consciências algo de bom, de novo, que sirva. O fundador de uma ideia pode ou não ter orgulho nela, mas colhe depois de semear. Não importa se a sementeira foi organizada, metódica, levada a cabo na estação certa, ou se foi bravia, trazida pelo acaso dos ventos. Quero que a minha cabeça seja uma seara dourada.

bso tema título deste post by Pixies

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