sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

fogo verde


As manhãs límpidas são mágicas como catedrais vazias. As manhãs límpidas têm voz e imploram-me tranquilidade. Num sussurro, sibilando. Depositam suavemente a sua luz contra o meu rosto, enrubescem-me de calor, criam halos nas pestanas e pegam-me fogo aos olhos. Enganadoramente, julgo-me capaz de tudo com essa energia. Estátua que ganha vida e sai do seu nicho. Que desfila imprudentemente pelo meio daqueles que têm ossos e sangue a atestar a sua humanidade. O tecido fino da ilusão rasga-se depressa à passagem de uma nuvem pesada e cheia de água. E volto à minha existência de pedra no templo profanado.

bso Green eyes by Pascal Comelade & PJ Harvey

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